Censo IBGE: porque é bom para os negócios?

Este artigo se inicia respondendo à pergunta do título: os Censos Demográficos do IBGE são bons para os negócios porque permitem traçar o perfil da população e suas casas em médias e pequenas áreas dentro de uma cidade, fornecendo gratuitamente e com alto poder explicativo, características que, numa pesquisa tradicional, poderia custar milhares de reais (senão milhões!).
O sucesso de um negócio, seja ele qual for, exige do empreendedor um conhecimento apurado de onde ele investirá seus recursos, na sua loja, no seu escritório, etc. Qual o perfil do desejado consumidor? Como é o entorno urbanístico, por exemplo, da sua futura loja de material de construção? Muitas perguntas são possíveis e todas elas encontram respostas consistentes nos dados do Censo IBGE. O Censo oferece informações riquíssimas para todos os municípios do Brasil e, mais que isso, desagregadas territorialmente dentro da cidade.
O Censo por dentro: Questionário Básico e Questionário da Amostra
Antes de avançarmos, alguns detalhes técnicos importantes. Os Censos Demográficos do IBGE coletam dados de duas maneiras, simultaneamente. Primeiro, para todos os habitantes, através do Questionário Básico: aqui são feitas perguntas simplificadas e seu objetivo é entender questões gerais e realizar a contagem da população stricto sensu. A segunda maneira é através do Questionário da Amostra que, como o próprio nome sugere, trata-se de uma amostra de todos os habitantes. Em 2010, a amostra era de 10% do universo de domicílios para municípios de 20 mil a 500 mil habitantes e 5% para municípios com mais de 500 mil.
O Questionário da Amostra contém perguntas mais complexas, detalhando perguntas do questionário básico e registrando informações sobre renda e trabalho. Cada respondente do Questionário da Amostra tem o que se chama de “peso amostral” ou, trocando em miúdos, um número de indivíduos que ele (o respondente) representa. Esse peso amostral é definido após a coleta por uma série de cálculos estatísticos realizados pelo IBGE. Um exemplo: João, do bairro Quitandinha, de Araraquara, respondeu o Questionário da Amostra. Após os cálculos, João (não mais identificado dentro da base de dados, para preservar o sigilo das informações) assume um peso amostral de 14. O que isso quer dizer? Dadas as características socioeconômicas individuais e do entorno da moradia dele, João representa 14 pessoas do universo. Reforça-se que essa representatividade é fortemente assegurada pela ciência estatística, cultivada com excelência pelo IBGE.
O segredo do Censo: as pequenas áreas urbanas
De fato, o mantra dos dias que correm, cujo som tem ficado cada vez mais alto por causa da era do Big Data, é que a informação precisa e de qualidade é ativo tão (ou até mais importante) que os fornos de uma pizzaria ou os aparelhos de uma clínica de estética, por exemplo.
Mas o que o Censo IBGE oferece afinal, que o faz ser tão importante para os negócios? Como dito anteriormente, ele proporciona o entendimento acurado do perfil dos moradores e dos lares de pequenas áreas (os Setores Censitários) e de áreas internas à um município (as Áreas de Expansão e Disseminação da Amostra). Abaixo, a imagem mostra esses dois tipos de território estatístico, para três municípios da Baixada Santista. No detalhe, as linhas brancas demarcam cada Setor Censitário; as linhas escuras delimitam as Áreas de Expansão da Amostra.

Cada território com seus dados: Setores Censitários e Áreas de Expansão da Amostra
O Questionário Básico, por ser mais simples e abranger todos os habitantes, tem como território o Setor Censitário. Assim, é possível ter dados para nível de quarteirão/ quadra ou até mesmo, conforme o desenho definido pelo IBGE, para um prédio/condomínio específico (obedecendo para este último caso o critério de não identificação/sigilo de informações individuais):
- Renda familiar média
- Renda média do (s) responsável (eis) pela família
- Moradores com e sem rendimento mensal
- Se o imóvel é próprio, financiado ou alugado
- Faixa etária dos moradores
- Raça/ cor
- Sexo
- Nível de parentesco
- Características do entorno da casa (existência de calçada, rampa para cadeirante, asfalto, etc)
Para o Questionário da Amostra inevitavelmente os dados só podem ser acessados para as Áreas de Expansão da Amostra. Tais áreas são desenhadas pelo IBGE de tal forma que o processo de expansão da amostragem seja estatisticamente correto e seus números confiáveis. É possível identificar informações, tais como:
- Valor do aluguel (quando aplicável)
- Material predominante da casa (alvenaria, madeira, etc)
- Número de cômodos
- Número de quartos
- Número de banheiros
- Presença de computador, celular e internet
- Presença de automóvel e motocicleta
- Se a responsabilidade da casa é compartilhada por mais de um morador
- Renda média familiar
- Relação de parentesco
- Sexo
- Faixa etária
- Raça/cor
- Dificuldades individuais para caminhar, enxergar, ouvir e presença de deficiência intelectual
- Município e Estado de nascimento para os moradores vindos de fora
- Tempo de moradia no município
- Local de residência anterior (quando aplicável)
- Se frequenta escola/curso e qual grau
- Maior grau de escolaridade obtido
- Se graduado em superior, qual o curso
- Se vive em relação conjugal e qual sua característica (casamento, união consensual, etc)
- Se trabalha e qual o tipo de emprego (incluindo informal)
- Quantidade de empregos simultâneos (incluindo informal)
- Profissão/ ocupação (incluindo informal)
- Setor econômico detalhado do emprego
- Se empresário, quantas pessoas empregava
- Rendimento no trabalho principal ou retirada de lucros
- Rendimento familiar
- Horas trabalhadas na semana, habitualmente
- Taxa de desemprego
- Participação em programas de assistência social
- Se possuía rendimento de juros de poupança, aplicações financeiras, aluguel, pensão ou aposentadoria de previdência privada e qual o valor
- Se trabalha em casa
- Tempo habitual de deslocamento casa até trabalho
Cruzamento de características sociais e econômicas
Atualização dos dados
As características elencadas anteriormente permitem, por si só, responderem a uma série de perguntas que ajudam o modelamento dos negócios. O mais interessante, no entanto, é que é possível, obedecendo ao rigor estatístico, fazer o cruzamento dessas características. Assim, como exemplo completamente aleatório, consegue-se saber numa determinada área a “quantidade de mulheres responsáveis por seus lares, que pagam aluguel e o tempo que demoram para ir ao trabalho”. A combinação das características faz com as respostas sejam ainda mais detalhadas e ricas, conforme a pergunta desejada.
Mas o fato de o Censo IBGE ser feito a cada dez anos não compromete a qualidade dos dados? Não! Utilizam-se métodos estatísticos e econométricos que permitem a correção das informações para os dias atuais, reforçando assim a robusta metodologia da pesquisa. É importante lembrar que o Censo Demográfico do IBGE é pautado desde décadas nas melhores práticas estatísticas internacionais, conta com instituição séria no seu comando e uma equipe de altíssimo nível e dedicação na sua construção.
Este artigo pretendeu demonstrar o uso estratégico dos dados públicos e altamente confiáveis do Censo IBGE para o planejamento e tomada de decisão nos negócios. O uso de tais informações é pouco utilizado para este fim e a EPV2 quer mudar esse cenário. A crescente utilização de informações com a era do Big Data vai tornar os negócios cada vez mais competitivos, com foco também crescente nas características mais refinadas dos consumidores. Ainda que o Censo IBGE não faça parte, a rigor, de dados tipo Big Data, ele tem muito a dizer ao empreendedor que quer inovar e não perder dinheiro. Não perca tempo e fale com quem entende: a EPV2 está ao seu dispor.
Forte abraço e até breve!